O debate desta sexta-feira, dia 6 de maio, no Auditório do NAEA - A Violência na Amazônia e suas raízes históricas - nos traz alguns elos entre os conflitos agrários na Amazônia e os antagonismos sociais que atravessaram a história do Brasil, cujas raízes são responsáveis também pela desigualdade gritante entre classes sociais em todas as regiões brasileiras. Ao longo do tempo, as relações sociais entre grupos e classes foram marcadas por forte antagonismo e conflitos relacionadas à terra e às formas de apropriação dos recursos naturais - a terra, a água, as madeiras, os minérios, a floresta, etc.- e por isso de tamanha violência. A violência é parte intrínseca das relações sociais de classe, gênero e raça no Brasil, obscurecida pela massificação de imagens como a do “homem cordial”.
Por isso a pesquisa sobre conflitos precisa percorrer os caminhos da história, das raízes de problemas estruturais que foram se reproduzindo no tempo e se perguntar sobre as ralações sociais que envolvem os sujeitos, os agentes econômicos e políticos, e as instituições. E como eles agem, pois suas práticas nos ajuda a entender as dinâmicas em curso sejam elas de escalas macro, meso ou micro.
O conflito na Amazônia tornou-se mais constante sobretudo a partir da abertura e a “flexibilização’ da fronteira ao mercado nacional, e internacional, e as tensões sociais geradas que ficaram conhecidas como conflitos e lutas pela terra provocada pelo acirramento da questão fundiária.
Há uma grande diversidade de conflitos no Pará, mas este tem se agravado enormemente nos últimos anos pela presença de novos agentes que pressionam a terra ocupada por populações locais, para a expansão do mercado de terras, da pecuária, dos grãos, do dendê, do pinus, do eucalipto, e por isso a grilagem, o roubo de terras que cresceu exponencialmente, além de outros projetos empresariais de mineração, garimpo, obras de infra estrutura etc. Esse panorama está todos os dias nos jornais nacionais e internacionais, junto com o sangue de pessoas assassinadas, homens, mulheres e crianças, camponeses, indígenas, moradores de cidades, junto com os dados de desmatamento, de queimadas e de poluição de rios por minérios, garimpos e pesticidas. O número de desapropriações de terra cresceu muito junto com chacinas mortes.
Este debate busca evidenciar, assim, as dinâmica mais evidentes na Amazônia e o que a ciência tem dito, escrito e alertados sobre a subida da violência em vária direções.
A Mesa Redonda A Violência na Amazônia e suas raízes históricas está formada por 4 cientistas da área de humanidades.
Coordenador: Dr. José Heder Benatti(ICJ/UFPA)
Expositores: Dra. Edna Castro(NAEA/PPGSA/UFPA); Regine Schoenberg (LAI/Universidade Livre de Berlin); Dr. Roberto Araújo(MPEG/CNPq).
Dia 06/05/2022, às 15h,
Local: Auditório do NAEA, Campus da UFPA
Entrada Livre