Banca Examinadora
Prof. Dr. Fábio Fonseca de Castro - PPGDSTU/NAEA/UFPA - Orientador
Prof.ª Dr.ª Marcela Vecchione Gonçalves - PPGDSTU/NAEA/UFPA - Examinadora Interna
Prof. Dr. Thales Maximiliano Ravena Cañete - PPGDSTU/NAEA/UFPA - Examinador Interno
Profª. Dr.ª Sônia Maria Simões Barbosa Magalhães Santos - Examinadora Externa - PPGSA/UFPA
Profª. Dr.ª Voyner Ravena Cañete - PPGSA/UFPA - Examinadora Externa
Dia 26 de junho de 2023 – 15h
Local: Sala 12/Naea
Resumo:
Esta pesquisa trata da memória de pessoas deslocadas compulsoriamente em 1984 pela implantação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHE-Tucuruí). A partir de uma abordagem fenomenológica do problema, esta pesquisa se propõe a compreender e descrever os fluxos da memória de um evento de intensa violência naquilo que dela se perde, ora na forma de ocultamento do significado como estratégia política; ora como interdição do significante na cadeia de significação, visando a contribuição desta dinâmica para conformação de afetos relativos a habitar. Para este objetivo foi realizada pesquisas de campo com perfil etnográfico em meses intermitentes entre 2016, 2017 e 2018 e em 2022. Em campo foram realizadas entrevistas semiestruturadas com pessoas deslocadas compulsoriamente no município de Breu Branco durante a primeira fase das obras da UHE-Tucuruí, ocorrida entre os anos de 1970 e 1980. O enchimento do reservatório desta hidrelétrica ocasionou a submersão de quatorze povoados, entre eles, o Breu Velho (objeto desta pesquisa). Como esta pesquisa foi realizada em partes durante a pandemia do novo coronavírus (2020-2022), as pesquisas de campo foram condicionadas pela gravidade do problema em cada momento, tendo em vista que os meus interlocutores são pessoas idosas e, por isso, integram grupo de risco na pandemia em curso até aquele momento. Os dados demonstram como o fenômeno opera através da dinâmica da herança – das latências e silêncios do processo social que mantém a memória no campo da disputa. Por um lado, os silêncios racionalizados no processo social de disputa sobre a memória encontram caminho de enunciação em ambientes alternativos às regras que a racionalidade dominante nas instituições disciplinares impõe ao que considera razoável. Por outro lado, como experiência ontológica do trauma pela interdição do significante, os silêncios, os vazios de significação, podem ser entrevistos seja nos sintomas que o trauma manifesta ao introduzir a lei da repetição dos atos sintomáticos presentes na estrutura de ação dos sujeitos, seja pelo contorno que os significados fazem desta experiência, matizando com afeto melancólico as narrativas acerca da experiência da perda.
PALAVRAS-CHAVE: Deslocamento Compulsório; Hidrelétrica de Tucuruí; Memória; Trauma; Experiência Cultural.